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Este ano não há nem batatas, nem novidades, nem uvas

 

Na viagem de barco entre São Miguel e o Pico apercebi-me que o Inverno rigoroso constitui a justificação maior para as dificuldades que as populações rurais estão a pressentir.
As gentes do campo, interiorizaram os tempos difíceis e, de imediato, procuraram na terra a solução para a crise que nos domina. (Como nas anteriores, novos negócios e novos ricos e afortunados irão surgir, fruto da sua perspicácia e esperteza.)

O Inverno foi longo demais e ocupou o período de tempo que é reservado à Primavera. Houve quem semeou e plantou nas épocas habituais: batata, hortaliças, milho - haveres que nenhuma família dispensa todo o ano. Mas a chuva e o vento prolongaram-se até Junho e estragaram as cultivações e, só agora, o sol começa a aquecer os campos, e as plantações do tarde começam a vingar.

Quem anda por essas estradas fora, encontra campinas e campinas onde parece ter passado um vendaval.

Toda a gente crama. Em São Miguel, um agricultor de São Brás, lamentava-se, há dias, que a primeira sementeira de batata nem sequer germinou. O tempo comeu-a e nem chegou a rebentar. A gente julgou que a semente não prestava, mas não foi por isso. Foi do tempo e muitos produtores, temendo o pior, não voltaram a plantar batata. Eu digo ao Senhor: Vai faltar batata em São Miguel.

A mesma justificação deu um agricultor de São Jorge, enquanto o navio passava veloz pelas Fajãs e ele identificava uma a uma: a Fragueira, de Francisco de Lacerda, a das Almas, de João Dias, de São João...

Este ano nem batata temos para comer. Nem batata, nem milho, nem favas, nem ervilhas...e muitas mais coisas. Vai ser uma consumição pois não há quem cultive. Tudo vai vir de fora, mais caro. O tempo foi muito somenos que nem m'alembro de uma coisa assim.

O início do Verão trouxe, porém, novas expectativas e mesmo lamentando-se as pessoas acusam o tempo por tudo e por nada.

Este ano não é como o ano passado. Queria dar-te umas batatinhas para comeres com um peixe frito ou escalado mas não temos. É uma lástima. A gente não sabe o que foi isto – lamentava-se a Sra Felismina.

Explicação diferente dá o José Feijoco. Ele acredita que as areias do vulcão da Islândia que andaram nos céus dos Açores e até chegaram a paralisar o tráfego aéreo, são a única razão para o fraco crescimento das culturas. Posso provar-te aquilo que digo com o desenvolvimento de uma parreira de vinha que tenho perto d'adega. O ano passado ela não deu quase nada. Este ano, como estava abrigada do tempo, está bonita e tem uva, ao contrário das outras. É ou não por causa das areias? – atalhou ele convencido da sua tese.

O certo é que, nos tempos de hoje, os desenvolvimentos técnicos e científicos, em todas as áreas do saber, permitem descobrir justificações para situações destas que afectam as produções agrícolas e frutícolas e obrigam ao aumento da importação de bens alimentares.

Por outro lado, é fundamental que aos agricultores, sejam dadas explicações para que, em anos futuros, eles continuem a apostar nas produções agro-industriais e horto-frutícolas.

É cada vez mais evidente que o sector primário não pode sustentar-se apenas na agropecuária. A problemática da agricultura açoriana vai mais além das quotas leiteiras, do preço do leite ou dos subsídios do POSEIMA.

Por tudo isto, compete à Universidade e a outros organismos públicos e privados investigarem, sem delongas, quais as verdadeiras causas desta situação que inquieta produtores hortícolas e frutícolas e a economia das famílias rurais.

Se alguns procedimentos dependentes da actividade humana devem ser modificados, não se pode esperar muitos anos mais, (como aconteceu com um estudo sobre a inadequação da raça Holstein à produção de leite nos Açores) para depois vir denunciar que se deveria ter feito isto ou aquilo.

A crise e a economia familiar obrigam a que, da terra, se retirem produtos alimentares, ecológicos e saudáveis, como aconteceu há umas boas décadas atrás. Todos ganham com isso e o clima tornar-se-á mais amigo do homem.

 

 

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